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terça-feira, 6 de abril de 2010

AS vozes DOS PÁSSAROS
Uma vez, um mágico que passava por um bosque na floresta viu uma grande revoada de pássaros marrons, pulando de árvore em árvore e en-chendo o ar com seus cantos.
O homem ficou tão encantado com aquelas melodias, que se deixou ficar ali por muito tempo, sentado embaixo das árvores. Mas, à medida que o tempo passava, sua admiração ia se convertendo ern ciúme, porque ele mesmo nunca poderia cantar daquele jeito.
Por fim, ele sentiu um desejo incontrolável de possuir as vozes daqueles pássaros, mas ainda não sabia como fazê-lo. Chamou-os todos para perto de si e disse-lhes:
— Acho terrível que os deuses tenham dado a vocês essas horrorosas penas marrons!
Os pássaros escutaram o homem, um pouco espantados:
— Vocês seriam muito mais felizes se tivessem cores brilhantes como o vermelho, o azul, o laranja, o verde!
Os pássaros concordaram com o homem e não tiveram outra alternati¬va, senão lastimar sua própria feiúra.
O mágico, que já tinha seu plano traçado, sugeriu:
— Hum!... Com meus encantamentos posso dar a vocês penas coloridas e bonitas.
Os pássaros fizeram, então, um grande alvoroço e acabaram por cercar, de vez, o homem dos poderes mágicos, quê terminou de propor:
— Mas em troca quero a voz de todos vocês! — e continuou usando seu poder de convencimento. — Ora, ora! A voz de vocês não serve para nada aqui neste bosque. Quase ninguém vem aqui para ouvi-los.
Os pássaros saíram em bando e ficaram sobrevoando o bosque. Precisa-vam refletir. Quando tornaram a pousar nas árvores, ao redor, já tinham de-cidido: queriam mesmo possuir a beleza que aquele homem lhes prometia.
Fizeram então a troca. O mágico colocou a voz dos pássaros dentro de uma cabaça e, usando seus feitiços, deu a todos eles penas multicores. Brin-dou-os com uma profusão de laranjas, verdes, vermelhos e azuis. Os pássaros não paravam mais de pular, agradecidos e satisfeitos!
Antes que os pássaros se arrependessem, o homem dos poderes mágicos saiu às pressas, enquanto as pequenas aves ainda estavam sob o efeito da novidade.
Tão logo o mágico encontrou um lugar seguro e deserto, abriu a cabaça e não hesitou em engolir todo o seu conteúdo.
Daquele dia em diante, ele passou a ter uma voz doce e melodiosa. E muitas pessoas vieram de todos os lugares para ouvi-lo, de longe e de perto, daqui e de além-mar. Suas canções entravam nas pessoas e despertavam as mais belas fantasias.
E não se pode negar que os pássaros que antes eram sombrios e marrons ficaram imensamente satisfeitos com suas luminosas e coloridas penas. E é exatamente por isso que os mais bonitos pássaros quase não podem cantar.

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